sábado, 7 de fevereiro de 2009

Dpto. Comercial vs. Artístico. E mais: arrendamentos!

Bem anteriormente eu joguei no ar um tema um tanto quanto polêmico sobre a postura do radialista diante das emissoras e dos colegas de profissão. O que ele acha, sente e espera do mercado e o que não o satisfaz e o porquê disso acontecer. Olha, foi legal o recado, muita gente entendeu o que eu queria insinuar e recebi muitos parabéns pelo meu email. Legal, fico muito contente pelo carinho e principalmente pelo entendimento, porém alguns desses indivíduos que falaram “é isso mesmo, temos que repensar na nossa postura diante a profissão” tentando deixar o mercado um pouco menos prostituto, um mês depois já estavam lá trocando vinhetas chupadas das rádios de graça no Orkut e também aceitando bicos esdrúxulos para passar a perna nos demais companheiros de profissão que buscam uma valorização digna.

O que eu tenho a dizer? Lamentável! Pena de quem trabalha sério e ama o rádio.

Agora fica difícil cobrar uma postura diferenciada por parte dos administradores de rádio se o quadro que persiste é da prostituição do mercado causada pelo próprio radialista.

“As rádios precisam remunerar melhor” – pra quê? Tem quem aceite fiado. Por que uma emissora vai jogar fora a chance de ter menos peso em seu orçamento?

“ Melhores condições de trabalho” – A estrutura de grande parte das rádios é uma piada. Em determinadas rádios no Nordeste, por exemplo, você fica dentro de uma sala (estúdio) sem janela e sem ar condicionado. Agüente 35 graus pra ver durante quatro ou seis horas. Ah, não é só lá não... tem rádio no Sudeste e no Sul que adoram economizar com isso. Mas tem quem fique e não reclama, eu reclamo e ja reclamei aqui bem perto de Bento Gonçalves.

Para deixar mais claro os problemas das rádios precisamos diminuir um pouco os problemas que os radialistas geram para o mercado, porém tem coisas que ficam tão escancaradas que não dá pra deixar de apontar. Vamos a dois pontos que eu considero cruciais:

Comercial – Olha, o que tem de rádio onde o Departamento Comercial engole o Artístico não é brincadeira. A diretoria e o comercial vendem inserções a preço de banana, ou seja, 3 a 5 reais em praças de 60 a 300 mil habitantes. Resultado: você tem um “break” com a duração de 10 a 20 minutos.

10 a 20 minutos? Olha, seis minutos já é muita coisa, o ideal é não passar de 3... 4 é aceitável. Mais de 5 é piada. Vai tentar crescer em audiência com uma situação dessas. Quero ver que ouvinte continua ouvindo essa rádio.

Problema é que a rádio séria que vai cobrar 20 a 30 reais em um centro porte médio fica lascada. Não vai vender se o outro “dá” inserção. Ai a rádio “legal” não dá retorno e desiste de sua programação em apenas dois anos de operações, enquanto a banana lá continua vendendo com 15 minutos de break, até o anunciante se tocar que não está vendendo (ninguém vai achar a propaganda dele nesse break infinito), a audiência da rádio já está em baixa e a emissora não vai mais faturar os trocos dela.

Com 5 reais de inserção (a tal banana) você tem um lucro X na sua rádio. Esse lucro pode ser até três vezes maior se a emissora cobrar um preço justo. Claro, vai ter menos anunciantes, porém o retorno final compensa.

Vamos à outra história, ainda nesse exemplo, porém de duas rádios que são sérias, mas a situação de cada uma pode servir de exemplo para os bananas das cidades de porte pequeno e médio.

Em Curitiba uma rádio cobra 130 reais por uma inserção de tempo determinado. Ok! Fatura muito bem mais tem um break mais longo, nada que a prejudique. Porém em Campinas, cidade com praticamente o mesmo porte, temos uma rádio que pratica a tabela de preços de São Paulo, com inserções acima de 400 reais. Ela fatura o dobro que a de Curitiba e tem um break bem menor.

Erro em Curitiba? Acerto em Campinas? Não necessariamente. As duas rádios tem visões diferentes de ganhar com o comercial. Nesse caso ambas não são prejudicadas por isso e podem cobrar o que acham viável devido à presença de um departamento comercial competente e um produto artístico de alto nível que possui comprovação de resultado. Pra chegar nesse patamar é difícil, porém dá pra fazer aos poucos. Não chegue cobrando um preço absurdo, porém não deixe barato demais. Trace metas e venda para quem é realmente o seu público alvo. Não adianta vender para uma peixaria se o teu ouvinte não consome peixe... a peixaria vai jogar dinheiro fora, nunca mais vai anunciar em rádio e vai fazer anti-propaganda da sua rádio dizendo que anunciar na sua emissora não dá retorno.

Com mais dinheiro em caixa, você paga melhor seus funcionários, investe em equipamento na sua rádio, investe em mais ações para fortalecer sua marca perante o público e, é claro, sobra mais dinheiro no bolso, sem complicações.

Outro tema polêmico é o arrendamento. Ah, tenho uma concessão e vou arrendar porque eu ganho 100 mil por mês sem mover um dedo. Bonito, mas talvez se você movesse dois dedos poderia enfiar 300 mil no bolso sem o tal arrendamento. Investimentos bem realizados com uma equipe inteligente e que veste a sua camisa você vai longe. Pode ter dores de cabeça no inicio, porém se você faz a aposta correta se baseando em tendências de mercados locais e nacionais, vai dar certo.

Sou favorável ao arrendamento em determinadas ocasiões. Se a rádio está devendo a vida, arrenda para se recuperar, mas depois é preciso retomar os trabalhos deixados de lado com o arrendamento, nem que leve 10 anos. Se é um grupo com quatro rádios mais ou menos (não ganha, não perde... mesmice!), arrenda uma para impulsionar as outras três. Quando as três estiverem alinhadas e andando bem, traga a quarta de volta. São os sacrifícios necessários.

Agora arrendar sem precisar... sem comentários.

Em breve quero falar das novas concessões que estão surgindo por ai e o que as rádios andam fazendo na briga pela audiência, sem esquecer das novas tendências (artísticas e tecnológicas).

Abs!

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