segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Por que você faz rádio?

No dia 27 de setembro de 2009 estarei completando 18 anos de rádio. Pra mim é motivo de muito orgulho olhar pra trás e refazer na memória a minha a estrada. Mas apesar de ter conhecido centenas de profissionais nas várias rádios nas quais trabalhei, lamento ter que contar nos dedos o número de profissionais realmente comprometidos com a profissão. Poucos são pelo menos conscientes do seu poder e da sua responsabilidade enquanto comunicadores. Isso é realmente entristecedor. Diante dessa constatação me vem a pergunta: porque você faz ou quer fazer radio? o que o motiva? o que o impulsiona? Procure responder essas perguntas com a maior honestidade possível e se nenhuma delas passar pela função social, pelo bem-estar dos ouvintes, reveja seus motivos. Eu temo pela resposta da grande maioria dos profissionais. Muitos buscam apenas fama e destaque, embora isso seja e o aspecto menos importante, além de ser uma grande ilusão. O fato é tão gritante que é de impressionar quando você se identifica com um profissional que pensa igual a você (considerando que você esteja do lado certo, claro). O caso que mais me marcou foi encontrar e trabalhar com um comunicador que tem mais tempo carreira do que eu tenho de vida, mas que mesmo assim tinha a mesma filosofia. Refiro-me a Fernando Augusto, com quem tive a honra, o prazer e a satisfação de trabalhar na Rádio Menina. A admiração foi tanta que tornar-se seu amigo foi inevitável. Aprendi muito com ele, mas deixando o lado pessoal, Fernando pra mim é um exemplo porque conseguiu manter todos esses anos a motivação para trabalhar. O entusiasmo dele diante de um projeto novo é contagiante. Faz lembrar o mesmo entusiasmo dos profissionais iniciantes. Isso pra mim é a consciência da sua própria responsabilidade, condição para ser um grande comunicador.
Ser comunicador é, entre outras coisas, exercer liderança, porque o comunicador é, de fato, um líder. A história está recheada de exemplos de comunicadores que se tornaram representantes do povo, o que se conclui que as pessoas o seguiram e o elegeram. O comunicador tem o poder de salvar vidas, de guiar as pessoas, de gerar sentimentos, de inspirar reflexões. Infelizmente do ponto de vista negativo esse poder é muito maior. Por isso, o cuidado deve ser redobrado com o que se diz e com as idéias que se propagam. Um comunicador teve a infelicidade de abrir a boca e questionar a eficácia da vacina contra a gripe para idosos. O que o ouvinte não precisa realmente é de um desserviço desses. Se já é um sacrifício motivar a população pra se vacinar imagina com uma duvida dessas. No filme "O pescador de ilusões" o ator Jeff Bridges fazia o papel de um locutor polêmico que num momento impensado incitou os ouvintes a matar os jovens executivos. Ele falava em sentido figurado mas obteve uma tragédia como resultado. Vários jovens executivos foram assassinados num pub. Só então ele se deu conta da sua responsabilidade..
Ter consciência dessa responsabilidade faz com que o comunicador seja, muitas vezes, maior que a sua própria dor. Um exemplo que ilustra bem isso é a apresentadora de televisão, Ana Maria Braga que passou recentemente por um período muito difícil de sua vida ao ter que enfrentar um câncer. Foi um bom momento para testar sua garra e sua fé. Com Ana Maria Braga esse teste foi mais importante do que seria com qualquer outra pessoa. Ela, mais do que ninguém, sempre preconizou positividade, fé e esperança para as pessoas. Mesmo diante da gravidade da sua doença e da natureza desconfortável e penosa do seu tratamento, ela manteve-se digna, alegre e guerreira. Apesar de seu drama ter se tornado público não foi visto em nenhum momento Ana Maria fraquejar, ela até poderia, era humanamente aceitável, mas acredito que seu profissionalismo e sua responsabilidade com os fãs não permitiram. Isso fez com que eu a admirasse ainda mais. Graças a Deus como num filme de final feliz Ana venceu a doença e deu mais um grande exemplo para seus fãs. Muita gente a critica, mas se esquece do mais importante: o conteúdo positivo de sua mensagem. O que ela faz com naturalidade as concorrentes tem que se esforçar pra fazer parecer natural. Ana Maria Braga representa verdade uma raridade hoje em dia nos veículos de comunicação, e ser sincero diante das câmeras é absolutamente difícil. Os 17 anos de profissão acho que me credenciam pra afirmar que nesse mundo moderno onde as relações humanas estão cada vez mais frágeis, voláteis e difíceis, é a verdade que ouvintes e telespectadores buscam quando ligam seus aparelhos para nos prestigiar. Se você faz gênero, se você faz teatro, isso inevitavelmente será percebido mais cedo ou mais tarde.
Empatia é outra palavra imprescindível no dicionário dos grandes comunicadores. A capacidade de visualizar os ouvintes, no seu dia a dia, nas suas necessidades e principalmente nas suas expectativas. Isso aproxima e humaniza o comunicador. O que faz, por exemplo, que programas como "Os normais" ou "comédia da vida privada" sejam um sucesso, é a capacidade de autores, atores, e produção de traduzirem para a tv as situações mais prosaicas do nosso dia a dia. O que torna esses programas engraçados é justamente o fato do publico se identificar com os episódios até os considerados mais ridículos. Quando você consegue exercitar e gerar empatia você está realmente se comunicando.
É uma pena!
Eu tive uma recente experiência no interior e apesar de gratificante deixei a, pequena mas importante, com a frustração de ver profissionais se baseando em conceitos absolutamente equivocados sobre profissionalismo e concorrência. No início estranhei a maturidade dos colegas de trabalho, sugerindo que uma fase negra da relação entre os concorrentes já teria passado. Mas estava apenas maquiada. De repente eles assumiram uma posição ofensiva que chegava a ser desagradável até para o ouvinte. A gente sempre busca justificativas para atitudes como esta, imaginando que lucro teria alguém que agredisse publicamente colegas concorrentes.
Na serra num universo de varias rádios eu presenciei belos exemplos de concorrência saudável, é lógico que aqui e ali sempre aparece um "Dick Vigarista" de plantão, mas não representa a maioria. No momento em que os empregos em rádio estão cada vez mais raros, que locutores são trocados por computadores, estagiários e rádios via satélite você tem que se relacionar muito bem com a concorrência, um dia você poderá precisar de referencias. A sua imagem no mercado é determinante. Até os profissionais de caracteres duvidosos estão aprendendo. Agora imagina uma atitude negativa de um(falso) profissional de rádio que critica seus ex colegas, sem fundamento algum. e o pior, sem se quer ter trabalhado em uma grande rádio ou rede de rádios, esse sim caiu de paraquedas, e mais que isso tem muito a aprender, saiba que seu estilo alternativo é determinante para lhe empregar apenas em um minusculo setor de rádio.
é ou não é dar um tiro no próprio pé? Pense bem caro ex colega, o mundo é uma roda, e como dizia minha amiga Sandra o mundo não dá voltas, dá voltinhas. acorde!

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