sábado, 16 de maio de 2009

Dia do comentarista: A música tecno-chumbrega dos playboys de bairro













“Vivemos no mundo do "mais do mesmo", onde a maioria quer ser apenas "O Melhor dos Iguais", como na capa daquele vinil homônimo do Premê - aquela com palitos de fósforo perfeitamente alinhados e absolutamente iguais. E assim, para mim quase tudo hoje em dia em termos de música brasileira é sertanejo disfarçado.

Primeiro, urbanizaram a música sertaneja e hoje ela só tem um repertório de temas que revelam uma visão estreita do mundo em que vivemos, tal qual deve ser a de alguém que veste burca até quando vai dormir. Será que existe pijama-burca? Quem sabe na próxima novela "exótica" Glória Perez resolva este dilema. E como o sucesso foi estrondoso, anotaram esta fórmula e no lugar dos arranjos chupados do country norte-americano colocaram uma batidinha de samba de teclado Casio e uns carinhas de brinquinho e cabelo colorido. E aí o samba vestiu a burca sertaneja.

Não contentes com esta vertente saltitante do sertanejo, recrutaram uma piazada com cabelinho arrepiado e rímel e mais uns acordes de guitarra e chamaram isto de hardcore melódico ou emo ou, pior ainda, chamaram isto de ROCK!!! Ainda bem que ninguém presta atenção no nosso país, assim Elvis, Joe Ramone e Buddy Holly não vão precisar quebrar as tampas de seus respectivos caixões. E dá-lhe CPM 22, NX-ZERO e FRESNO. E apesar de tanta pose, ainda é sertanejo. Vi de relance o CPM 22 ao vivo na nossa Pedreira quando estive em Curitiba e parecia que os carinhas tocavam vestindo camisa de força. Camisa de Vênus neles!!!

Exceção para o não menos irritante ritmo axé, que não passa de aeróbica de baiano (ou de beira de praia para não ser politicamente incorreto). Mas, se cavocar bem aparecem umas guampas na areia. Alguém se habilita a falar mal do Cirque du Soleil? Ou do tal de André Rieu? Ou da música tecno-chumbrega dos playboys de bairro e das academias de ginástica?

Dizem que "brega" é a tradução para a palavra alemã "kitsch". E já li em um livro escrito por Milan Kundera que "kitsch" significa "ausência de me***", tanto no sentido figurado como no literal. Ironicamente o resultado acaba sendo igual, senão pior que me***.”

Nenhum comentário: