segunda-feira, 25 de maio de 2009

Parceiro de Deus

Sinal vermelho. Fila de carros parados. e eu meu amigo dj,Rádio ligado, janelas fechadas, portas travadas, como manda o figurino em dias em que assalto é coisa corriqueira. De repente, uma jovenzinha com ar simpático aproximou-se da porta trazendo entre as mãos uma latinha enfeitada, que chacoalhava sem parar. Abriu um sorriso e desatou a falar alguma coisa, que não dava para ouvir. A primeira vontade foi de ignorá-la. Afinal, era só mais uma que aproveitava os engarrafados cruzamentos para pedir alguma coisa. Mas o rosto era tão agradável que foi impossível manter a impassividade. Fiz a janela deslizar até a metade e só deu para ouvir o convite: "Você quer ser parceiro de Deus?"

Devo ter feito uma cara de espanto, pois imediatamente a menina voltou a chacoalhar a latinha enfeitada, mostrando que havia moedas dentro dela. Na verdade ela juntava trocados para um projeto, cujo teor devia ter explicado antes de eu abrir a janela, só que não dava tempo para dizer mais nada. Os motores roncavam e o semáforo passaria para o verde a qualquer instante. Passei a mão pelo cinzeiro,e coloquei meia-dúzia de moedinhas na latinha. Ganhei um novo sorriso e a menina sumiu por entre os automóveis.

Acelerei como os demais e comecei a rir. Que tal eu como "parceiro e Deus"? Até que não seria nada mal. E comecei a imaginar: pela manhã, antes mesmo de ler os jornais, teria um papinho com o "Todo-Poderoso", para saber das atividades do dia e ver o que poderia fazer para melhorar um pouco a vida do ser humano, que está ficando cada vez menos humano.

E também menos "ser", já que o que vale atualmente é o "ter".

Mas nesta parceria com Deus, eu iria pedir para modificar algumas coisinhas, sem interferir muito nas decisões divinas. Por exemplo, daria um jeito de fazer com que maconha, cocaína, crack e outras drogas que estão destruindo
a humanidade, tivessem gosto de cocô. Isso mesmo, com acento no segundo "o" (mesmo diante das novas regras ortográficas). O sujeito usaria a droga e ficaria pelo menos duas semanas com aquele gosto na boca, que deve ser horrível. Aposto que não iria tentar outra vez. Com isso já se resolveria um montão de problemas.

Também iria pedir permissão para que pudesse dar um jeito nos bebedores contumazes. Aqueles que enchem a cara e saem por aí colocando em risco a vida de todo mundo. Para estes, iria determinar uma paralisia total, assim que se enchessem o "caco". Só poderiam se mover quando o porre passasse. Seria o máximo! Milhares de vidas certamente seriam salvas. E ainda, já pedindo desculpas pela ousadia de querer consertar o mundo, iria dar um jeito nos engraçadinhos que gostam de andar em alta velocidade, como se ruas e estradas fossem pistas de corrida. Para estes, sempre que estivessem abusando, uma estridente campainha iria soar dentro dos ouvidos. E o barulho só iria sumir quando a velocidade fosse reduzida. Maravillha, muito menos gente iria morrer em acidentes.

Teria ainda uma série de outras "coisinhas" para fazer com esta inesperada parceria, mas aí Deus poderia se zangar, pois estaria sendo muito intrometido Imaginação à parte, no fim do meu trajeto só tive a agradecer à simpática menina, que me despertou a vontade de fazer coisas boas. Só com isso já me senti bem mais "parceiro de Deus".

Um comentário:

Roberta Vescovi disse...

Oi de novo! Lindo post, sem palavras, ou melhor não há dúvidas que Deus faz o impossível em nossas vidas, um parceiro insubstituivel. E que bom que cologou no meu caminho de amizades pessoas como vc, que só tem a acrescentar através de suas palavras e pensamentos muita sabedoria e força na batalha de sobrevivencia diária.
Muita Luz sempre.
bjs