quarta-feira, 12 de agosto de 2009

“Eu não ouço rádio”

Você sabia que o rádio possui uma espécie de embalagem? É, como se fosse um cartão de visitas ou qualquer coisa do gênero que cause a tão importante “primeira impressão”. No caso da embalagem do rádio não é apenas a primeira impressão não, é a definição se o ouvinte irá com a cara da emissora no inicio e continuará ouvindo ou apenas acompanhando a programação. Essa embalagem envolve principalmente duas questões técnicas: sinal e qualidade do som.

É verdade que temos muitas rádios por ai que possuem um áudio meia boca e uma cobertura cheia de sombras, mesmo assim ostentam boas colocações de audiência. Mas a pergunta que fica no ar é a seguinte: “E se essa emissora tivesse um som bom e um sinal local no mercado onde atua?” E a resposta é simples: “No mínimo estaria faturando mais do que fatura atualmente e com um índice de audiência melhor e mais confortável em relação à concorrência.

Estive recentemente conversando com amigos de São Paulo, como de costume em quase todos os meses, e fiquei identificando as qualidades dos áudios das emissoras em FM. A maioria ostenta processadores Omnia e Orban, ambos digitais. Outra questão importante é que cada emissora possui um braço bom, ou seja, alguém (técnico) que saiba mexer nesses processadores (apenas assim é possível tirar um bom proveito dessa tecnologia).

Resultado: Não existem diferenças na qualidade do áudio em relação ao velho e bom CD. Nem ao mp3 com uma taxa mais elevada. Assim começa a história: o FM não perde para as outras fontes de áudio. E o sinal? São Paulo é São Paulo... muito grande, cheia de prédios (obstáculos), um sobe e desce considerável e muita pirataria. Mesmo assim é bom!

Agora você foge para o interior e outras capitais do país. Dá para contar nos dedos as rádios que se preocupam com a qualidade do som emitido ao ouvinte. Tudo distorcido, processadores já vencidos, nenhuma noção de equalização do áudio de acordo com a orientação artística da emissora (geralmente nem se trabalha a orientação artística) e as vezes (esse problema geralmente atinge concessões situadas fora do município alvo) o sinal cheio de sombras, incompatíveis com os novos receptores como celulares, mp3 e mp4 com FM.

Estou sendo chato? Critico demais? Não! Se não podemos ao menos tirar do ar os intervalos comerciais (vilões da audiência e amigos do faturamento), temos que lutar com forças para não perder ouvintes para outros formatos de mídia e áudio. Para que o cara que tenha um celular com FM e mp3 nunca afirme que “não ouve rádio”. Essa realidade não está distante e o acesso às novas tecnologias desses players portáteis está atingindo praticamente todas as classes sociais.

Pense nas seguintes questões:
“Não vou investir agora em sinal, posso cortar custos comprando um equipamento secundário”
“Processador? Compra o mais baratinho, não importa a marca. Aliás, não compre nada, vamos ligar tudo direto ao transmissor”
“Mesa? Tenho uma encostada da década de 90. Use aquela”
“Mercado está complicado. Vou ter que baixar o preço da inserção para 2 reais o tal 30 segundos”
“Coordenação artística? Precisa? Se sim, algo barato e que não interfira muito”

Resultado: Teremos uma rádio com 10 minutos de intervalos comerciais (no mínimo), qualidade péssima de áudio, sinal fraco em uma determinada região, programação sem nenhuma orientação, entre outros problemas.

Um dia essa conta vai bater negativamente para a rádio e para o meio.

E ai você terá mais pessoas dizendo: “Eu não ouço rádio”.

Mais um detalhe: o futuro não é sombrio para o rádio não. Hoje você possui uma infinidade de maneiras de acessar uma rádio FM, até mesmo a AM. Hoje temos celulares com AM embutido. Tudo tem rádio. Nosso meio continua sendo o mais abrangente e um veiculo sem comparação a internet quando o assunto é alcance, influência e faturamento. Vão anos para uma FM ser batida pela internet (se for batida, a tendência em médio e longo prazo é a fusão das mídias).

Invista!

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