quinta-feira, 21 de março de 2013

Cds e discos antigos...

Ouço de longe o vinil velho. O que toca nele é Raul e eu lembro de minha mãe. Ah, mãe. Saudades da época em que eu era legal não é, mãe? Pequeno, indefeso. É, eu também sinto saudades, sabia? A gente não se cabia de tanta alegria quando você nos levava ao Mc Donalds e eu sonhava em passar a vida naquele lugar. Quantas foram as vezes que eu sonhei que você não repassaria a tabuada do 8 comigo quando chegasse do trabalho. Se hoje me cobro tanto é pra não perder o costume. E você gastou tantas horas da sua vida com nós e me parece que esqueceu de viver, esqueceu-se de si. Perdeu seus sonhos, desejos, vontades, Saudades mãe
Agora entendo que você nos exigia o mínimo e não a perfeição. Porque se contentar com o 5 se eu podia ter um 9? "Não se compare com a média. Ela é pouca e traiçoeira." Seu mantra em minha memória permanente. Que bom. Consigo enxergar que você sabia exatamente o que íamos passar e quis nos deixar prontos para tudo. Missão cumprida mãe, descanse em paz.

Pode parecer que as coisas andam meio cinzas lá fora mas é só neblina dificultando um pouco mais esses raios de sol. Há dias assim e eu sei que você balança neles. A vida não é só de entrega e 8 horas debaixo da coberta. Eu ainda acho que você se doou demais pelos outros . Você foi ótima professora, mãe. Da vida.

Não ando falando muito e o mundo me ensina a dizer cada vez menos, mas sinto sua falta no dia a dia. Você que sempre esteve com sua meia de lã azul , um estranho gosto por filmes de desenho e me dizendo que ainda considerava nossa casa, um albergue. Eu te perdoo. E te amo.

ps: passado tantos anos você já pode dizer que eu fui o melhor guardador de louças que você já viu.

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